Efetividade

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Descrição

Dentre os modelos de intervenção para agressores de mulheres em casos de violência doméstica, os dois mais conhecidos, são o "Modelo de Duluth" e a "Terapia Cognitiva Comportamental" (CBT, na sigla em inglês).

Originário do Projeto de Intervenção de Abuso Doméstico aplicado em Duluth (Minnesota, EUA), em 1981, este modelo de intervenção se baseia numa compreensão de que a principal causa da violência doméstica seria a prevalência de uma ideologia social e cultural patriarcal, que historicamente tem permitido aos homens controlar as mulheres, seja por meio do exercício de poder, seja pelo uso da violência direta. Em conformidade com essa formulação teórica, o Modelo de Duluth preconiza uma abordagem psicopedagógica feminista, com exercícios em grupo, com o objetivo de modificar o comportamento abusivo e ameaçador de homens que se envolvem em casos de violência doméstica.

Já as intervenções da Terapia Cognitiva Comportamental aplicadas aos agressores de violência doméstica foram desenvolvidas por psicólogos como uma forma de tratar o comportamento violento. Estas intervenções interpretam a violência como um comportamento que é aprendido pelas pessoas e, consequentemente, pressupõem que a não-violência também pode ser aprendida pelos transgressores de violência doméstica. Este modelo tem como foco a identificação de processos de pensamento e crenças que contribuem para a violência e objetiva trabalhar em prol da promoção de transformações no comportamento violento dos infratores.

Os homens que praticam abusos físicos são encorajados, nas sessões terapêuticas (que podem ser individuais ou em pequenos grupos), a refletir sobre a sua compreensão da violência e a mudar o seu pensamento, bem como examinar as circunstâncias que envolvem a sua prática e interromper atitudes e comportamentos violentos contra as mulheres, especialmente em ambientes domésticos.

País onde foi aplicado
  • Canadá
  • Brasil
  • Equador
  • Estados Unidos
  • Gana
  • México
  • África do Sul
  • Tanzânia
  • Uganda
Evidências

A eficácia das intervenções com agressores para interromper a violência dos parceiros íntimos tem sido uma questão controversa. Ainda que haja evidências de que as intervenções terapia cognitiva comportamental não são eficazes e de que o modelo de Duluth só conseguiu produzir efeitos de pequenos a médios na vitimização de mulheres por violência doméstica [1][2], mais recentemente, uma metanálise relatou que ambos os tipos de intervenção geram reduções estatisticamente significativas na violência contra as mulheres, com melhores resultados para a terapia cognitiva comportamental [3].

De acordo com os achados desta última revisão sistemática, o efeito dessas intervenções foi nulo quando considerados os casos em que a reincidência foi medida através de relatos dos casais, enquanto que foi positiva e significativa para a redução da reincidência quando mensurada por registros oficiais. Ademais, as intervenções curtas (menos de 16 sessões/4 meses) não foram eficazes em reduzir a reincidência (medida em registros oficiais) e podem ter efeitos negativos (aumento da reincidência), enquanto que intervenções mais longas (mais de 16 semanas/4 meses de sessões) foram eficazes na redução da taxa de reincidência [3].

Bibliografia

[1] Babcock, J. C., Green, C. E., Robie, C. (2004). Does batterers' treatment work? A meta-analytic review of domestic violence treatment. Clinical Psychology Review, 23(8), 1023–1053. https://doi.org/10.1016/j.cpr.2002.07.001

[2] Smedslund, G., Dalsbø, T. K., Steiro, A. K., Winsvold, A., Clench-Aas, J. (2007). Cognitive behavioural therapy for men who physically abuse their female partner. The Cochrane Database of Systematic Reviews(3), CD006048. https://doi.org/10.1002/14651858.CD006048.pub2

[3] Arce, R., Arias, E., Novo, M., Fariña, F. (2020). Are Interventions with Batterers Effective? A Meta-analytical Review. Psychosocial Intervention, 29(3), 153–164. https://doi.org/10.5093/pi2020a11

Casos avaliados

Programa Passo-a-Passo e Criando Futuros (África do Sul)

Programa Passo-a-Passo (África do Sul)

Programa para Homens Reincidentes (Ontario, Canadá)

Projeto de Intervenção em Violência Doméstica (Modelo Duluth)

Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT) para Agressão de Parceiros

Programa do Centro Regional de Tratamento de Infratores Sexuais (Canadá)

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