Uma metanálise verificou um total de 18 estudos que examinaram a precisão preditiva de diferentes abordagens e instrumentos utilizados para avaliar o risco de reincidência dos agressores conjugais. Os estudos foram conduzidos nos Estados Unidos (10 estudos), Canadá (6 estudos) e Suécia (2 estudos) [1].
As abordagens focadas na predição da reincidência em casos de violência doméstica mostraram, em média, uma precisão moderada, com níveis similares aos resultados apresentados por ferramentas destinadas à predição da reincidência geral ou violenta e por avaliações globais de risco fornecidas pelas parceiras.
Para serem incluídos nesta metanálise, os estudos tinham que ter examinado a capacidade das avaliações de risco em predizer a violência doméstica, ou a reincidência em qualquer tipo de violência (incluindo a doméstica) por parte de agressores homens (os períodos de acompanhamento variaram de 2,7 meses a 82,5 meses nos 15 estudos que incluíram tais informações).
As fontes mais comuns de informação sobre reincidência foram os registros de justiça criminal local (estadual ou provincial) (50% dos estudos) e os registros nacionais (50%). Seis estudos (33%) utilizaram relatórios de parceiros íntimos. Essas porcentagens somam mais de 100% porque alguns estudos utilizaram fontes múltiplas.
As ferramentas mais precisas são aquelas que foram desenvolvidas empiricamente. Entretanto, os autores ressaltam que nem todos os fatores de risco empiricamente estabelecidos são igualmente úteis para a gestão de casos. Nesa situação, as escalas de risco mais úteis seriam aquelas que identificam os determinantes do risco e sugerem formas de minimizá-lo.
Por último, mas não menos importante, a metanálise concluiu que ainda há muitas oportunidades para avançar na pesquisa e na prática da avaliação de risco de agressão conjugal. São necessárias novas pesquisas que permitam identificar quais são as características específicas dos agressores, e de suas parceiras, que estão relacionadas à reincidência e são passíveis de intervenção deliberada.