Efetividade

Evidências Mistas

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Evidências Mistas

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Descrição

Os programas baseados nas escolas trabalham com estudantes em sessões em grupo, disseminando informação e discutindo temas como violência no namoro, relações de gênero e educação sexual e reprodutiva. O número e a duração das intervenções pode variar. Há ações mais curtas que podem ter até 50 horas no total (ex. "Stepping Stones") e outras que chegam até 21 sessões de 28 horas cada (ex. "Fourth R").

As intervenções de maior duração utilizam metodologias participativas para desenvolver as habilidades de comunicação e sociais dos estudantes e são implementadas por facilitadores treinados. Intervenções mais curtas são muitas vezes realizadas pelos próprios professores durante o horário de aula e são mais focadas em passar informações sobre estas temáticas do que em promover uma reflexão crítica e desenvolver habilidades, propriamente.

Este tipo de programa também pode incluir a divulgação de materiais informativos para aumentar a conscientização e a disposição em denunciar (fixação de cartazes e/ou distribuição de panfletos nos pátios), sessões informativas em sala de aula e intervenções ambientais/situacionais que busquem aumentar a presença de funcionários ou servidores da segurança nos "pontos quentes" das escolas ou universidades (os lugares mais inseguros), conforme identificados pelos estudantes. Alguns incluem ainda atividades para aumentar a conscientização de alunos, professores e funcionários para que se tornem vigilantes naturais destes espaços, treinando-os em como identificar e atuar em situações de risco ("bystanders").

Esta categoria também inclui programas que buscam prevenir a violência entre pares através de intervenções com um forte componente de gênero. Estas intervenções podem ocorrer durante e após a jornada escolar e podem envolver tanto estudantes de escolas primárias quanto secundárias. Algumas dessas iniciativas são mais holísticas, envolvendo professores e pais e, dependendo da abordagem, podem envolver grupos mistos ou apenas alunos de um único gênero, com idades semelhantes. Esses estudantes participam de sessões moderadas nas quais costuma-se promover uma reflexão crítica sobre os papéis de gênero e sobre atitudes e comportamentos.

País onde foi aplicado
  • África do Sul
  • Canadá
Evidências

Uma revisão sistemática identificou e analisou treze estudos experimentais ou quase-experimentais sobre programas escolares orientados à redução da violência sexual e no namoro. A maioria destes programas (10) foi implementada na América do Norte. Deste total, cinco apontaram impactos positivos, dois tiveram resultados mistos e três não demonstraram impacto sobre a violência entre parceiros íntimos. De acordo com os autores desta revisão, as intervenções mais eficazes e promissoras foram caracterizadas por programas mais longos, conduzidos por facilitadores ou professores altamente qualificados e treinados, que utilizaram abordagens participativas de aprendizagem (incluindo reflexão crítica e desenvolvimento de habilidades), baseados em teorias de gênero, e avaliados mediante um ponto de controle ("follow-up") a longo prazo [1].

Em termos de violência escolar (entre pares), esta mesma revisão sistemática identificou boas evidências (advindas da África e do centro e sul da Ásia) de que esse tipo de violência pode ser prevenido quando são aplicadas intervenções apropriadas (usando métodos participativos, concentrando-se na capacitação e abordando a prevenção da violência sob uma perspectiva de gênero), mesmo em contextos vulneráveis. Dois estudos aleatorizados controlados rigorosos (RCTs, na sigla em inglês), de duas intervenções diferentes, constataram que tais ações reduziram a violência entre pares [1].

Uma revisão sistemática de revisões sistemáticas focada em estudos sobre programas de prevenção direcionados a diferentes formas de violência nas escolas apontou que apenas alguns deles se mostraram promissores na prevenção da violência no namoro. Programas com metodologias enfocadas em terapia comportamental e habilidades socioemocionais, mentoria ou mediação entre pares mostraram resultados positivos para a redução da agressão entre pares. No entanto, os autores indicam ser ainda necessária maior evidência sobre a sustentabilidade dos efeitos positivos no longo-prazo [2].

Uma outra revisão sistemática com metanálise incluiu 18 estudos experimentais que examinaram a eficácia de intervenções destinadas a reduzir a violência (sexual e/ou física) provocada por parceiro íntimo entre adolescentes (13 desses estudos foram implantados em escolas). A revisão constatou que a implementação dessas intervenções esteve associada a uma redução significativa (embora pequena) da violência física. Entretanto, os efeitos encontrados para os resultados associados à violência sexual não foram estatisticamente significativos. Os experimentos que envolveram adolescentes de alto risco (histórico de violência) tenderam a reportar magnitudes de efeito expressivamente maiores em comparação com os programas universais. Da mesma forma, as iniciativas que contaram com um envolvimento ativo dos pais relataram magnitudes de efeito significativamente maiores do que as aquelas que envolveram somente os adolescentes. Também foram observadas diferenças consideráveis entre as ações com adolescentes menores de 15 anos em comparação com aquelas que incluíram participantes mais velhos, com este último grupo relatando magnitudes de efeito maiores que o anterior [3].

Bibliografia

[1] Kerr-Wilson, A.; Gibbs, A.; McAslan Fraser E.; Ramsoomar, L.; Parke, A.; Khuwaja, HMA.; and Rachel Jewkes. (2020). A rigorous global evidence review of interventions to prevent violence against women and girls. What Works to prevent violence among women and girls global Programme, Pretoria, South Africa. https://www.whatworks.co.za/resources/evidence-reviews/item/693-a-rigor…

[2] Lester, S., Lawrence, C., & Ward, C. L. (2017). What
do we know about preventing school violence? A
systematic review of systematic reviews. Psychology, Health & Medicine, 22(1), 187-223. https://www.tandfonline.com/doi/pdf/10.1080/13548506.2017.1282616?needA…

[3] Piolanti A., Foran H.M. Efficacy of Interventions to Prevent Physical and Sexual Dating Violence Among Adolescents: A Systematic Review and Meta-analysis. (2022). JAMA Pediatrics. 176(2):142–149. https://jamanetwork.com/journals/jamapediatrics/fullarticle/2786460

Fonte da Informação

Casos avaliados

Programa Faça a sua Parte (El Salvador)

Programa Passo-a-Passo (África do Sul)

Conversa Direta sobre o Abuso no Namoro

Acabando com a Violência

Quarto R: Habilidades para Relações Juvenis

PREPARE: Um Programa de Prevenção do Comportamento Sexual de Risco e da Violência por Parceiro Íntimo em Adolescentes

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