Uma revisão sistemática identificou e analisou treze estudos experimentais ou quase-experimentais sobre programas escolares orientados à redução da violência sexual e no namoro. A maioria destes programas (10) foi implementada na América do Norte. Deste total, cinco apontaram impactos positivos, dois tiveram resultados mistos e três não demonstraram impacto sobre a violência entre parceiros íntimos. De acordo com os autores desta revisão, as intervenções mais eficazes e promissoras foram caracterizadas por programas mais longos, conduzidos por facilitadores ou professores altamente qualificados e treinados, que utilizaram abordagens participativas de aprendizagem (incluindo reflexão crítica e desenvolvimento de habilidades), baseados em teorias de gênero, e avaliados mediante um ponto de controle ("follow-up") a longo prazo [1].
Em termos de violência escolar (entre pares), esta mesma revisão sistemática identificou boas evidências (advindas da África e do centro e sul da Ásia) de que esse tipo de violência pode ser prevenido quando são aplicadas intervenções apropriadas (usando métodos participativos, concentrando-se na capacitação e abordando a prevenção da violência sob uma perspectiva de gênero), mesmo em contextos vulneráveis. Dois estudos aleatorizados controlados rigorosos (RCTs, na sigla em inglês), de duas intervenções diferentes, constataram que tais ações reduziram a violência entre pares [1].
Uma revisão sistemática de revisões sistemáticas focada em estudos sobre programas de prevenção direcionados a diferentes formas de violência nas escolas apontou que apenas alguns deles se mostraram promissores na prevenção da violência no namoro. Programas com metodologias enfocadas em terapia comportamental e habilidades socioemocionais, mentoria ou mediação entre pares mostraram resultados positivos para a redução da agressão entre pares. No entanto, os autores indicam ser ainda necessária maior evidência sobre a sustentabilidade dos efeitos positivos no longo-prazo [2].
Uma outra revisão sistemática com metanálise incluiu 18 estudos experimentais que examinaram a eficácia de intervenções destinadas a reduzir a violência (sexual e/ou física) provocada por parceiro íntimo entre adolescentes (13 desses estudos foram implantados em escolas). A revisão constatou que a implementação dessas intervenções esteve associada a uma redução significativa (embora pequena) da violência física. Entretanto, os efeitos encontrados para os resultados associados à violência sexual não foram estatisticamente significativos. Os experimentos que envolveram adolescentes de alto risco (histórico de violência) tenderam a reportar magnitudes de efeito expressivamente maiores em comparação com os programas universais. Da mesma forma, as iniciativas que contaram com um envolvimento ativo dos pais relataram magnitudes de efeito significativamente maiores do que as aquelas que envolveram somente os adolescentes. Também foram observadas diferenças consideráveis entre as ações com adolescentes menores de 15 anos em comparação com aquelas que incluíram participantes mais velhos, com este último grupo relatando magnitudes de efeito maiores que o anterior [3].