Os programas de transferências econômicas incluem transferências, seja em espécie ou através de vouchers, de dinheiro ou alimentos. Iniciativas deste tipo estão geralmente associadas a programas de proteção social implementados por governos, mas podem também consistir em ações de curto prazo, em contextos de crise, como desastres naturais ou conflitos, e podem ser implementadas por ONGs. Ademais, os programas podem ser destinados diretamente às mulheres, a(o) chefe de família (frequentemente representado por um homem), ou não especificar essa informação.
Alguns programas de transferência possuem condicionantes, como frequência escolar dos filhos e filhas e participação em programas de saúde, consultas médicas, campanhas de vacinação, entre outros. Em outros casos, se organizam a partir de um modelo híbrido em que não há punição àqueles beneficiários que não cumprem as condicionantes, mas que em que há mecanismos de incentivos orientados à promoção de mudanças de comportamento (ex. por meio do uso de "nudges" ou "pequenos empurrões").
As transferências econômicas também têm sido implantadas como parte integrante de estratégias orientadas à redução da violência entre parceiros íntimos. Em síntese, esses programas buscam, em primeiro lugar, melhorar a segurança econômica familiar e, com isso, produzir um efeito positivo sobre o bem-estar psicológico dos familiares, de modo a mitigar um importante fator de risco para este tipo de violência. Além disso, as transferências econômicas podem aliviar a tensão familiar e reduzir o potencial de atrito em contextos em que a pobreza e a insegurança alimentar representam os principais fatores de estresse e potenciais desencadeadores de conflitos em um relacionamento. Por último, mas não menos importante, quando destinadas às mulheres, essas transferências podem aumentar seu poder de barganha dentro do relacionamento e dar-lhes a opção de romper vínculos em casos de relações abusivas.
Cabe ressaltar, neste caso, que teorias econômicas do crime sugerem que homens podem usar de meios violentos para obter o ganho econômico adicional recebido pela mulher, de modo que pode-se ter um efeito indesejado de ampliação do risco de violência e vitimização.